Obesidade é uma doença crônica, progressiva, incurável, porém, tratável, e, se não tratada, potencialmente fatal.
Ninguém é obeso porque quer. Esta doença tem várias causas, desde causa genética, passando pelo comportamento e alterações metabólicas. Existe uma predisposição familiar, filhos de pais obesos têm mais chance de vir a se transformar em um obeso. A ansiedade, a depressão, a compulsão alimentar, os erros alimentares e o sedentarismo são fatores que contribuem significativamente para o surgimento do excesso de peso, em parte o nosso corpo é um reflexo da nossa vida e comportamento. Porém, os fatores determinantes para o aumento de peso são os fatores metabólicos. Todo indivíduo que tem a tendência a ganhar peso produz vários hormônios e substâncias que lentificam o metabolismo. O metabolismo lento gera maior facilidade de armazenar energia e aumentar o peso. Quanto maior o peso, maior a produção destas substâncias, e mais lento fica o metabolismo. Isto acaba gerando um ciclo, que dificulta a perda de peso e facilita cada vez mais o aumento do mesmo.
No início, quando o excesso de peso não é tão grande, dificilmente apresenta sinais e sintomas maiores, normalmente apresenta queixas de cansaço; dificuldade de subir escadas ou ruas inclinadas; suor excessivo no verão; piora da qualidade do sono; ronco; assaduras pelo corpo; estrias; dermatites; inchaço nas pernas; infecção urinária; irregularidade menstrual; depressão; e dores articulares.
São mais de 200 doenças que podem surgir devido a obesidade. Conforme o peso vai aumentando outras patologias também vão surgir. As lesões de pele podem piorar, com surgimento de estrias. O ronco vai aumentando, podendo evoluir até uma apnéia do sono (parar de respirar por alguns segundos enquanto está dormindo). As dores articulares vão se agravando, surgindo entorses, desgastes, degeneração, artrose, artrite, tendinites, bursites, fascites, ruptura de tendões e ligamentos, desvio na coluna, hérnia de disco, todas articulações vão sofrendo. Em algum momento o excesso de gordura vai atingir o sangue gerando aumento do colesterol, triglicerídeos, acido úrico, uréia, glicose, causando surgimento de pedras na vesícula e rins, surgimento das crises de gota (deposição de ácido úrico nas articulações causando dor), diabetes tipo II. Surge gordura do fígado (esteatose), podendo evoluir até para cirrose por gordura. A Pressão arterial pode subir levando o paciente a Hipertensão Arterial, aumentando a chance de ter um infarto ou um derrame (AVC). Nas mulheres pode levar a infertilidade, ovários policísticos, perda de urina (incontinência urinária). Nos homens pode gerar impotência sexual e infertilidade. A incidência de vários tumores está aumentada nos pacientes obesos. Há piora do quadro respiratório, várias patologias do estômago (gastrite, esofagite, hérnia hiatal) e intestino estão aumentadas nos obesos.
O corpo todo sofre, a qualidade de vida piora e, segundo as pesquisas realizadas, um paciente obeso pode morrer de 5 a 8 anos antes do que morreria se fosse mais leve.
Apesar de vivermos em um país onde o excesso de peso atinge mais que 50% da população adulta, a discriminação é algo muito frequente, nos mais diferentes ambientes. Desde a infância até a fase adulta as pessoas com sobrepeso sofrem vários tipos de discriminação, na escola, no ônibus, em lojas, no trabalho, na vida amorosa, no consultório médico, entre tantos outros lugares.
E, segundo os estudos comprovam, quando se consegue controlar o excesso de peso, há melhora significativa na qualidade de vida e do controle das doenças que surgiram devido a obesidade.
O Tratamento da Obesidade não é fácil, devido aos múltiplos fatores que geram o excesso de peso, o tratamento, da mesma forma, deve ser realizado tentando atacar a maior quantidade de fatores possíveis. Infelizmente a predisposição familiar nós não podemos interferir, porém, no comportamento e na parte metabólica existe várias formas de controle.
O controle pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo do grau do excesso de peso. Até o IMC (Índice de Massa Corporal) de 30 Kg/m2 o paciente não é considerado uma pessoa obesa, porém se o IMC estiver acima de 25 Kg/m2 o indivíduo deve ser considerado já com sobrepeso e deve-se pensar em iniciar um controle com um ou mais dos métodos de tratamento clínico (dietas, controle alimentar, reeducação alimentar, atividade física, medicações, acupuntura, psicoterapia, entre outros). Quando o indivíduo ultrapassa o IMC de 30 Kg/m2 ele está entrando no que consideramos obesidade. Além de problemas comportamentais pode estar também interferindo no controle do peso os fatores genéticos e metabólicos, agravando o quadro. Até o IMC de 35 Kg/m2 o tratamento é clinico ou utilizando métodos temporários de perda de peso, o mais conhecido é o Balão Intra-gástrico.
Para indivíduos com IMC acima de 35Kg/m2 pode-se aventar a possibilidade de se fazer um tratamento cirúrgico. Cirurgias para controle do peso são realizadas desde 1952. Porém, no início as cirurgias eram muito agressivas, com grandes desvios do intestino, gerando diarréia crônica e distúrbios de nutrição graves. Com o passar dos anos as cirurgias foram se modificando e, a partir de conhecimentos sobre o metabolismo e alterações hormonais, as cirurgias melhoraram, diminuindo as complicações, diarréias e distúrbios nutricionais.
Atualmente, 95% de todas as cirurgias realizadas no mundo são:
SLEEVE GASTRECTOMIA (manga gástrica, Gastrectomia Vertical)
BYPASS GÁSTRICO
Sleeve Gastrectomia - 1988
Bypass Gástrico - 1966
As demais técnicas normalmente não são sugeridas pois complicam mais, funcionam menos ou foram abandonadas devido existirem cirurgias melhores.